«Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.»
E hoje, em 2009, qual a diferença em relação ao ano de 1857? Mais de 150 anos depois, evoluímos para patamares de igualdade? Não. O Mundo, a sociedade pode ter evoluído em muitos áreas mas no que respeita aos direitos, em particular aos Direitos das Mulheres, está longe de ser o desejável. Ainda por estes dias foi preciso que a Europa interviesse para tentar acabar com diferença salarial entre homens e mulheres.
Porventura, a única diferença entre 1857 e 2009 é que não acredito que hoje fosse possível que 130 mulheres arriscassem a vida para exigir dignidade no trabalho. Não desta forma.
Hoje, graças ao acesso à Educação e à Formação, ao conhecimento dos seus direitos, as Mulheres arriscam quebrar de outra forma o que a sociedade teima em manter: a imagem de donas de casa bem comportadas, mães exímias, mulheres extremosas.
Hoje, arriscam quebrar estereótipos e preconceitos para exigir o estatuto de pessoa humana sem discriminação em função do sexo, com dignidade e direitos. Embora curtos e lentos, os passos dados: o Trabalho, a autonomia financeira, a participação política e associativa, permite hoje à Mulher estar próxima - se não no centro, da decisão que transforma paulatinamente a sua vida e também esta sociedade que acredido tornar-se-á melhor e mais justa quantas mais Mulheres tivermos a participar activamente.
Se é impensável a evolução nos Direitos da Mulheres sem o sangue derramado, hoje, sem arriscar o regresso a casa mais cedo, a telenovela da hora do jantar, ou o conforto de um fim de semana em casa, vamos regredir sem dar por isso. Vão sem mim, que eu vou lá ter... assim, não vamos a lugar algum!
Ninguém disse que seria fácil.